OS RAIMUNDOS, OS SEVERINOS E OS FRANCISCOS

1998

Video-instalação (monocanal com audio)

Interfones com 188 gravações de audio

Duração 52 minutes / Dimensões variáveis

O vídeo traz 30 zeladores e zeladores que moram e trabalham em prédios residenciais na cidade de São Paulo. Todos migrantes do Nordeste do Brasil, eles compartilham um dos três nomes mais típicos da região: Raimundo, Severino ou Francisco. A peça revela um painel da imigração interna do país e sua integração silenciosa mas onipresente na história da construção civil e na estrutura econômico-social das metrópoles brasileiras.

A cena final é uma pantomima na qual os trinta homens penetram o cenário de um típico apartamento de porteiro, reconstruído com pertences dos próprios participantes da obra. Um após o outro, cada porteiro vai entrando nesse pequeno espaço solitário até que ele esteja lotado, denunciando a falta de generosidade e de democracia na arquitetura civil contemporânea do Brasil.

Quase todos os porteiros e funcionários que trabalham em prédios residenciais em São Paulo e no Rio são imigrantes nordestinos. Em sua maioria, são homens que vieram trabalhar na construção dos prédios e acabaram ficando no prédio como serventes, porteiros e zeladores desses locais. Sua presença maciça nas capitais brasileiras expõe as discrepâncias da realidade econômica do país, cujas fronteiras sociais são hoje ainda mais evidentes do que as geográficas.

Instalações: 24ª Bienal de São Paulo, 1998; Kunsthalle Bern, Suíça, 1999; Attitudes Genève, 1999; Attitudes Ailleurs, Buenos Aires, 1999; ACC Galerie Bauhaus Weimar, Alemanha, 1999; Le Plateau, Paris, 2005; Witte de With, Rotterdam, Holanda, 2006; Loop Barcelona, Espanha, 2008; Galerie Seroussi, Paris, 2008; Americas Society, Nova York, 2009; MAM Museu de Arte Moderna Rio de Janeiro, 2012; Kunstmuseum Lucerna, Suíça, 2014; Centro de Artes Helio oiticica, Rio de Janeiro, 2015; SESC 24 de Maio, São Paulo, 2019; Coleção Musée National d’art Moderne Centre Georges Pompidou, Paris.

Fotos © Zaida Siqueira / Stills © Dias & Riedweg

A presença dos Raimundos, Severinos e Franciscos, como significaDA POR Dias & Riedweg, já não se limita às tarefas domésticas no PILOTIS dos grandes edifícios. Ao encontrá-los, onde menos se espera, nas formas altamente mediatizadas e traduzidas desta obra, em meio à Bienal de São Paulo, eles entram em nossas vidas tanto como personalidades individuais quanto como personagens simbólicos da luta por justiça e representação que deve continuar, tanto dentro do reino conflituoso da arte quanto no mundo global diverso que está além dele.

HOMI K. BHABHA, SOBRE DIAS & RIEDWEG, NO CATÁLOGO DA 24ª BIENAL DE São Paulo, 1998

 

 O processo

Três nomes

Três criaturas do meu solo campesino

São nomes que eu ouvi muito

Desde o tempo de menino

Com esse trio tão jocundo

Do Francisco, o Raimundo

e o nome do Severino.

 

Sei que o nome Severino 

Apara, leva e traz

Raimundo no Piauí 

E tem em todos arraiás.

Lá na terra tem também 

Por santo de Canjundé

Lá tem forças excomunais.

 

Lá na terra dos meus pais

Até no Jabi pra cá

Conheci muitos Severinos

Praquelas bandas de lá

E os Franciscos do Cato

E os Raimundos Nonatos

Do sertão do Ceará.

Canção de cordel improvisada no video

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